Vivi paixões intensas, sempre ligadas no último volume, até que um dia a vida pausou. Eu estava grávida. Confesso que eu não queria e não tenho vergonha alguma em assumir que meu primeiro pensamento foi “vou tirar”. A lei não permitiu. Pensei em toda a vida que eu perdia naquele momento, as risadas que seriam abafadas pelo choro de uma criança que eu nem fazia ideia de como criar. Será que Deus não entendia?!
À medida que o tempo passava eu sentia uma empatia maior por alguém que eu sequer conhecia. Um simples feto, um amor inexplicável. No final do oitavo mês de gestação levei o primeiro susto, quando pensei que te perderia percebi a real necessidade que já tinha de te ganhar, agradeci profundamente a Deus por não ter me entendido, mas compreendido minha ignorância de criança.
Então, você com toda sua garra e força, lutou e finalmente chegou. O presente mais lindo dos céus. Os olhares impiedosos que imprimiam julgamentos à mais nova mãe solteira se tornavam nulos diante do brilho dos seus olhos ao me olhar , todos os maldizeres foram silenciados no momento que a palavra “mamãe” saiu da sua boca e ecoou no meu coração. O seu choro se tornou minha canção predileta. O que deveria ter sido meu maior erro tornou-se sem dúvida o melhor acerto de Deus, o pretérito imperfeito se conjugou mais-que-perfeito. Por você fiz-me mãe, me descobri mulher, você nasceu, e eu renasci, obrigada por não ter desistido de mim.
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