terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sim ou Não?! Eis a questão!


       Daniel acordou eufórico, a ansiedade fazia seu peito pular de apreensão diante daquela que ele escolhera para companheira de vida, "sim, sim, eu me caso com você" disse Bruna aos pulos e sorrisos. Agora Daniel se sentia completo, o anel de diamantes brilhava mais que seu troféu de profissional do ano, ao lado de seu diploma de Ciências da Computação na escrivaninha. " sou o homem mais feliz do mundo" ele gritava ao entrar no seu carrão que logo deixava uma das mais belas mansões da Pampulha. Sua popularidade era algo invejável, amado por muitos e respeitado por todos, ele protagonizava todas as conversas da firma. A vida de Daniel era o que muitos denominariam "perfeita", uma promoção o esperava no escritório enquanto sua mâe, orgulhosa, escolhia o mais luxuoso flat do centro de Belo Horizonte para presentear os pombinhos.
       Tudo seguia na mais perfeita harmonia até que um dia Daniel conheceu Lucas, o novo funcionário da firma, rapaz novo, divertido que logo ganhou sua confiança e amizade. Amizade essa que ultrapassou o ambiente profissional e mudou sua vida completamente. Acontece que a dupla dinâmica assumiu a campanha mais desafiadora da temporada, trabalhavam noite adentro, sem descanso, cumprir o prazo era preciso. Daniel estava cada vez mais cansado e menos disposto enquanto Lucas parecia ter recarregado as baterias constantemente, No terceiro dia de cerão Daniel se viu diante do carregador de Lucas. Parecia inofensivo, "só um pouco não fará mal algum" pensou Daniel e se aventurou no caminho sem saída. .
      Daniel acordou eufórico, a ansiedade fazia seu peito pular de apreensão diante daquela que ele agora escolhera para companheira de vida, a cocaína,sua mais nova amante. O projeto acabou, o vício continuou.
       Passado um mês, ele se viu amarrado à falsa fonte de energia, de "só uma" em "só uma" ele já perdera a força, não conseguia mais parar. Tudo era vãlido para conquistar mais carga, a bateria ficava cada vez mais viciada, o que fazia com que ele descarregasse cada vez mais rápido. Daniel começou a roubar. Primeiro foi a mansão de sua mãe, depois o luxuoso flat ainda intocado. O noivado foi desfeito quando ele roubou o anel de sua noiva para saciar a que agora era sua esposa. Sua mãe fugiu com medo para o interior logo após ele ser demitido por justa causa.
       Daniel acordou eufórico e se viu sozinho, sem casa, sem amigos, sem lar. Decidiu morar na Praça Sete junto aos outros mendigos e usuários onde foi esfaqueado e levado sem identificação para o Hospital João XXIII, outra briga por drogas. Por pouco o golpe não atingiu o coração, mas o dano aos demais orgãos vitais como o pulmão, o classificaram "estado gravíssimo".  A droga entrou pela porta, a vida escapou pela janela. O indigente não resistiu. Daniel não mais acordou.

Essa é a história (real) de Daniel, mas poderia ser de Pedro, João, Maria, Marcelo e até Sofia, qualquer um que tenha sua vida transformada por apenas uma escolha, o sim ou não às drogas.

Scarleth Menezes   

3 comentários:

  1. Tenho um vizinho, com condições econômicas muito mais modestas do que a do Daniel, que também enveredou no vício relatado em seu texto.

    Muitas histórias de roubo à pessoas próximas e de confiança aconteceram para sustentar o vício.

    Hoje está internado à três meses em uma clínica de reabilitação, na esperança de tornar-se limpo e mais forte que o vício que sempre habitará seu corpo e sua mente.

    Como são complexos esses problemas causados pelas drogas em nossa sociedade.

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    1. Verdade, a droga consegue destruir muitas vidas todos os dias. Desejo que seu vizinho se recupere e obtenha êxito nessa luta. Infelizmente a maioria das histórias não tem final feliz como essa, obrigada por compartilhá-la. Volte sempre.

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  2. texto muito bem colocado...parabéns por sua escolha,tomara que seu vizinho, Marcelo, tenha um final feliz...

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