Cicrano, é filho de Fulano e neto da Dona Chica, aquela que admirou-se com o berro que o gato deu. Aliás, foi Fulano quando criança que atirou o pau no gato, essa foi apenas uma de suas inúmeras peraltices. Fulano passava o ano contando os dias para a chegada das férias, passar o dia jogando bola na rua, empinando pipa com os amigos, a meninada toda em peso,descendo a ladeira no carrinho de rolimã, batendo os tacos da beti, que mais tarde virava espada do guerreiro, o remo do barco do pirata, etc. Infinitas aventuras desbravadas todos os dias pelo Fulaninho, que atirava o pau no gato para que ele subisse na árvore para que o Super Fulano pudesse entrar em ação e salvar o dia mais uma vez. A brincadeira só acabava quando a Dona Chica berrava mais alto que o próprio gato e ameaçava castigá-lo "JÁ PRA DENTRO MENINO" ela ensurdecia a vizinhança já com o chinelo na mão. Fulano entrava ligeiro, corria com os pés sujos de barro, não podia correr o risco de ficar de castigo, "um mês inteirinho em casa" ,só de pensar a ideia já causava-lhe arrepios.
Cicrano puxou ao pai, passa as férias salvando princesas, matando dragões, escalando prédios e encarando super vilões, jogando futebol e nas melhores seleções, tudo sem sair de casa, em frente ao vídeo-game, sua única arma para encarar os piratas é o controle, ali ele passa o dia todo e se deixar nem come, tomar banho?! Para quê? ficar o dia inteiro sentado no sofá nunca sujou ninguém. Fulano não entende como uma pequena caixinha pode substituir a imensidão das ruas e insiste que a tecnologia restringe a imaginação. "Quanta bobagem" pensa Cicrano quando o pai relata sua velha infância, "pra que usar uma caixa como carro ou avião, quando tenho esse emulador 3D da hora!?"
ele defende. A aventura só chega ao fim quando sua mãe Beltrana desconecta a fonte de imaginação da tomada., mal sabe ela, que tudo continuará na tela do celular.
Logo o pai se cala e fica nostálgico com suas recordações, não que não houvesse video- game em sua época, até tinha, mas a tecnologia logo se calava diante do barulho dos outros meninos rindo e se divertindo lá fora.
Fulano mal pode esperar pelas próximas férias, eles vão visitar a velha Dona Chica na Bahia (sempre desconfiei que ela fosse baiana), "um mês inteirinho na praia" ele sonha ao lembrar da antiga casa de praia onde protagonizou as melhores aventuras submarinas. Cicrano já torceu o nariz desde já "o que fazer em um mês inteirinho sem video-game e wifi?!"
Scarleth Menezes
Bom dia! Ótimo texto, apesar que eu sou um fulano que quando ganhou um atari, a molecada da rua inteira se enpoleirava atrás do sofá, auto organizando uma fila pra poder jogar. Hoje o fulano joga com o cicrano.
ResponderExcluirObrigada, eu já sou uma fulana dos tempos do Super Nintendo, salvo a princesa Peach até hoje rss. Que bom que gostou do texto, volte sempre.
ExcluirMe identifiquei com o Fulano nostálgico, mas ainda sim não consigo abandonar meu Cicrano interior. Virei dependente da tecnologia, infelizmente...
ResponderExcluirA cada dia o Cicrano toma mais o lugar da nossa fulanice, sem dúvida tivemos a melhor infância, mas a facilidade e rapidez da tecnologia é perfeito para nossa vida adulta. Obrigada pela visita, volte sempre.
ExcluirTambém sou uma fulana nostálgica dos tempos do Super Nintendo. E já sofri muito "bullying" por não ter facebook e whatsapp. O primeiro ainda continuo sofrendo (e muito!), já o segundo, tornou-se impossível tanto sofrimento... rsrs! É quase parecido com: morar numa ilha deserta!!!
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