segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O jogo dos 7 acertos

      

      

      Um dia, o novo professor de português começou ensinando regras de concordância aos seus alunos.
      _ Devemos sempre concordar sujeito e verbo. Por exemplo "eu vou" "nós vamos"...
      Após uma explicação magistral com infinitos exemplos.Seus alunos ficaram admirados com tamanha inteligência.O comentário era geral."Como ele consegue guardar tanta coisa?Ele é um verdadeiro gênio, sabe tudo.Adorei!"
      Então,o professor de extrema sabedoria,escreveu no quadro "Façam as página 124 e 125 do livro para a próxima aula."
      Bastou um aluno para começarem as piadinhas.Cê viu, ele escreveu "as página"?Talvez não seja tão gênio assim. Percebendo o bafafá que gerou, o professor deu ali,a parte mais importante da lição daquele dia.
      _ Vocês perceberam como um erro meu foi o suficiente para tirar todo o foco de vocês? Fiquei quarenta minutos dissertando e usando corretamente o português,mas bastou uma palavra para que vocês esquecessem tudo o que eu já havia "acertado".
      _ Mas professor, o senhor é mestre em português, o mínimo que se espera é que fale corretamente né?! - Disse um dos alunos.
      _ Pois bem meus caros, infelizmente assim também é a vida. A vida é como um "jogo dos 7 acertos". Onde a cada acerto encontrado, nossa figura é pouco a pouco construída até que esteja toda completa. A sociedade não permite erros. Nesse jogo, qualquer erro pode dar em game over, aí o jeito é começar tudo de novo. No futuro,as pessoas não vão te recompensar pelos seus acertos. Acertar é o mínimo que todos esperam de um adulto. Mas bastará um pequeno errinho para que você seja notado e apontado negativamente e veja todos os seus quarenta minutos serem apagados e esquecidos,assim como vocês fizeram comigo.
      O real nome desse jogo deveria ser "jogo dos 7 erros" porque é a cada erro reparado que evoluímos e descobrimos nossa real figura. Tentem valorizar mais os acertos que o erros uns dos outros e compreender que todos somos seres errantes. E é esse o lado gostoso de viver, porque quando zeramos os erros e encontramos todos os nossos acertos, o jogo apenas acaba.

sábado, 1 de outubro de 2016

O sapato ideal

         
    
       
    Se você é mulher já deve ter se apaixonado perdidamente por um sapato e experimentado o "amor à primeira vista", a melhor sensação do mundo, confesso. A gente entra, prova e percebe que aquela maravilha é nosso número e cabe perfeitamente naquele look "baphônico" de sábado à noite. "Só pode ser o destino" a gente pensa, enquanto efetua a compra, sentindo-se a pessoa mais sortuda do mundo.
       O problema é que só dá para perceber que o "sapato deuso" machuca o pé quando está tocando nossa música preferida e a gente então prefere dançá-la, enquanto pedimos desesperadamente pela rasteira que mais uma vez ignoramos e trocamos pelo sapato aparentemente "feito para nós".  "Que burra que eu fui" pensamos, enquanto calculamos o prejuízo e percebemos que isso já aconteceu mil vezes antes, é como nossas amigas vivem nos dizendo "você não aprende". Voltamos para casa com bolhas nos pés, equilibrando no agora "sapato do arrependimento" e/ou descalça mesmo.
      E o que tem demais nisso tudo? Nada. Não fosse o fato de escolhermos da mesma forma nossos "boys magia", que depois se mostram meros ilusionistas com seus velhos truques de araque.  
Mas um dia, mesmo que por um instante, nós finalmente percebemos, não só que os sapatos "bonitos" não servem para dançar a noite toda (até porque isso a gente já sabia), ou que na verdade a Cinderela não perdeu o sapatinho de cristal coisa nenhuma. Mas que às vezes vale mais a pena dançar, tranquila, sozinha, sem par, apenas com aquela rasteirinha que fará os melhores passos pelo salão e isso levará o verdadeiro mágico a nos tirar para dançar. E aí nós dançaremos, bailaremos e descobriremos ritmos que sequer imaginávamos existir. E por aquela noite nós seremos apenas "nós". 
     E qual o problema disso? Nenhum, se não fosse o fato de que na próxima festa provavelmente nós vamos voltar a insistir naquele mesmo "sapato ideal" que nos machucou (e como) ,mas ficou no armário e combina perfeitamente com o próximo look de sábado a noite. Mas não se preocupe, tenho certeza que um dia a gente aprende.



Tath Menezes

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